segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Do meu poeta preferido: PESSOA, Fernando.

[...] Ser poeta não é uma ambição minha!

(Cazuza dizia que escrevia para não ficar falando sozinho...)



Quando me sento a escrever versos 
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos, 
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento, 
Sinto um cajado nas mãos 
E vejo um recorte de mim 
No cimo dum outeiro, 
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas ideias, 
Ou olhando para as minhas ideias e vendo o meu rebanho, 
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz 
E quer fingir que compreende. 

Saúdo todos os que me lerem,  

Saúdo-os e desejo-lhes sol, 

E chuva, quando a chuva é precisa, 
E que as suas casas tenham 
Ao pé duma janela aberta 
Uma cadeira predileta 
Onde se sentem, lendo os meus versos. 
E ao lerem os meus versos pensem  
Que sou qualquer cousa natural.

(CAEIRO, Alberto - ou melhor - PESSOA, Fernando. 






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